22.3.08

Pedra Fundamental: louvor a Santa

Santa. Trata-se da criadora e vitoriosa administradora do prestigioso e prestigiado Blog da Santa (endereços: antigo e novo), que tem como objetivo divulgar e discutir – o que é feito com singular inteligência e criatividade – "Arte, cultura, verdades, mentiras e políticas públicas". Santa deu inúmeros e judiciosos conselhos para a organização deste blog; chegou, mesmo, a preparar um boneco para servir de base para sua construção. Esse esboço constitui-se, agora, na “Pedra Fundamental” deste blog. Aqui estão, entre outros, alguns textos antigos de autoria deste novo blogueiro, honrosamente, para seu autor, publicados nas primeiras edições do Blog da Santa e que, generosamente, Santa não deletou definitivamente.
Santa, grato e honrado por sua fidalga e eficiente colaboração. G. G. da Silva.

21.3.08

Obras-primas da Santa Natureza (I): Simetrias

por G.G. da Silva


Foto: http://www.olhares.com/nu_2/foto389176.html


Algumas pessoas dão muito valor à simetria quando apreciam a harmonia e a beleza nas artes; por exemplo, na coreografia, na poesia, na pintura, na fotografia. Citam como referências o nado sincronizado, a métrica e a rima, o conjunto formado pela paisagem e seu reflexo nas águas de um lago, o nu. O corpo humano tem um aspecto muito interessante: as metades esquerda e direita são simétricas, mas não as partes de cima e de baixo nem a frontal e a posterior. Como apreciaríamos a fotografia de um modelo com simetria tridimensional? Felizmente a simetria de Gisele Bündchen é unidimensional... Mas se nas artes a simetria é opcional, na ciência é transcendental.Quando um cientista consegue formular uma teoria com uma equação que apresente harmonia, simplicidade e simetria ele acha que achou a verdade que procurava. Aconteceu com James Clerk Maxwell quando formulou a Teoria do Eletromagnetismo, em 1864; resolveu uma questão de simetria com um “chute” genial a Ronaldinho Gaúcho e fez um golaço de placa. Albert Einstein, por sua vez, tentou algo semelhante em sua Teoria da Relatividade Geral, em 1916, e teve de admitir que cometera seu maior erro na vida, ainda que atualmente seu “chute” – a Constante Cosmológica – , esteja sendo reincorporada à suas equações para explicar determinadas observações que só se tornaram possíveis com a tecnologia atual. No entanto, sua equação da equivalência, ou simetria, entre energia e matéria – E = mc2 –, é um sucesso incontestável e foi estabelecida sem “chute” nenhum. Além do eletromagnetismo e da gravidade, domados por Maxwell e Einstein, há duas outras interações que a Santa Natureza utiliza em suas atividades, as forças nucleares fraca e forte, existentes no âmago da matéria e ainda não domadas completamente por ninguém. Einstein passou os últimos anos de sua vida tentando unificar as duas primeiras; não conseguiu porque desconsiderou as duas últimas, aparentemente necessárias para o processo. As forças eletromagnética e nuclear fraca já se encontram unificadas. Juntá-las à força nuclear forte tem resistido a todos os esforços. Reunir tudo numa harmonia total é um sonho que passa por uma tal de super-simetria e envolve um espaço não com nossas três corriqueiras dimensões – quatro, com o tempo, vá lá – mas dez; isso mesmo, dez dimensões, nove espaciais e uma tempora. Esse é o preço que a Santa Natureza tem cobrado daqueles que são obcecados por uma simetria total e absoluta. Tentem imaginar nossa Gisele, nossa menina nota dez, com todas essas dimensões ou a curva assimétrica de um chute do Ronaldinho num espaço tão complicado assim.
A propósito, dez dimensões, nota dez e camisa dez são meras coincidências.



19.3.08

As Mulheres e a Matemática ou a História de Sophie Germain


por Pedro Luis Kantek Garcia Navarro- GAC

Através dos séculos as mulheres têm sido desencorajadas a estudar matemática. Apesar das dificuldades, houve diversas que se sobressaíram em seus campos. A nossa ciência (a informática) tem a "sua" mulher: Lady Ada, filha do poeta Byron. Trabalhando anos a fio com Charles Babbage, Ada escreveu o que viriam a ser os primeiros programas de computador da história. Isso em pleno século XIX, muito tempo antes de existir o primeiro computador. Hoje ela é homenageada com a linguagem ADA, em uso pelo Dod americano, entre outros. Mas o assunto aqui é Mlle Sophie Germain, uma francesa, matemática da pesada, a quem se deve um importante trabalho na área da teoria de números. Há até uma família de números primos chamados Primos de Germain, na forma 2p+1, onde p também é primo. Na área da física, Germain desenvolveu a teoria da elasticidade dos materiais. Sophie nasceu em 1776, filha de um negociante, bem de vida, mas longe da nobreza. Nessa época a matemática estava vedada às mulheres, mas como o assunto poderia surgir em um salão social, as mulheres tinham que ser treinadas para poder falar nisso. Surgiram assim obras que pretendiam explicar a matemática para o "cérebro feminino". Teve um livro de Francesco Algaroti que explicava o trabalho de Isaac Newton para mulheres. Como se pensava que estas estavam interessadas apenas em romance, o livro é um diálogo entre uma mulher e seu namorado. O homem fala dos princípios físicos, enquanto a mulher retruca com exemplos amorosos. Devia ser uma leitura chata pra burro. Sophie se encantou pela matemática ao ler, em um livro, a vida de Arquimedes. Mais do que a vida, a morte de Arquimedes. Pois, já aos 70 anos, estava Arquimedes olhando uma figura geométrica desenhada na areia da praia, quando um soldado romano, participante das tropas que recém haviam invadido Siracusa, quis saber o que aquele velho estava fazendo. O velho dirigiu-se ao soldado e não fez nenhum caso da interrupção. Deve ter dito algo assim como "Não encha o ...". O soldado não se fez de rogado e meteu a espada na barriga de Arquimedes, matando-o. Sophie pensou que se algo era tão absorvente e inebriante deveria valer a pena estudá-lo. Artigo completo...


Cultura Cibernética - A ciência e a tecnologia no imaginário e no quotidiano – I

“Cibernética - Ciência que estuda as comunicações e o sistema de controle não só nos organismos vivos, mas também nas máquinas” (Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI)

por G.G. da Silva


Precisava pensar em algo que se harmonizasse com arte, cultura e temas afins, no sentido lato dessas palavras e, então, ocorreu-me o assunto do título. Cibernética, mas no sentido restrito. O Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI registra: “Cibernética - Ciência que estuda as comunicações e o sistema de controle não só nos organismos vivos, mas também nas máquinas”. O que cibernética terá a ver com cultura? Certamente alguma coisa, pois nosso dia a dia está impregnado de cibernética e nossa cultura tende a incorporar as conseqüências de casos assim. Exemplo disso é a ubiqüidade dos “callcenters” cibernéticos, como os 0800 e 0300 da vida, alguns terceirizados, sem conexão com a “cultura” da organização. O primeiro aspecto intrigante no uso dessas obras de arte da modernidade (obras de arte: eis outra ligação com o Observatório) é a saudação da máquina, que, entre os humanos, serve para quebrar o gelo no início de um contato, tão útil como tantos outros costumes convencionais que facilitam nossa vida nos entreveros do quotidiano. Mas máquina precisa quebrar o gelo? Não havendo calor humano, o frio cibernético não seria aceitável? E por que a voz sempre é feminina, associando as mulheres a máquinas burras? Seria decisão de homem? De mulher? Ou de outrem? Quando escrevo “outrem” quero me referir, por exemplo, a um computador inteligente (?) ou algo do gênero. E quanto ao uso propriamente do mecanismo, as organizações estariam mesmo querendo melhorar o atendimento, como dizem as máquinas, ou querem apenas se isolar das pessoas ditas humanas, que telefonam só para reclamar ou perguntar coisas “inúteis”? É impressionante a quantidade de empresas que divulgam, principalmente na Internet, o número do callcenter sem citar outros telefones, e sem opções para contatos pessoais ou mesmo um endereço (aqueles com CEP). Só callcenter e e-mail, este também, muitas vezes, funcionando (?) automaticamente. A propósito, central de atendimento ficaria melhor do que callcenter, tal como “entrega”, ou “expedição”, é preferível a delivery. Apenas uma pequena preocupação com um dos nossos maiores patrimônios culturais, o idioma. Como aceitei um desafio, ao escrever este artigo, faço outro, a executivos de empresas e dirigentes de órgãos públicos que usam esses atendimentos telefônicos cibernéticos: telefonem, de vez em quando, para o 0800 (ou 0300, pagando) de suas organizações e tentem descobrir algo que deva estar à disposição do público. O desafio também serve para o convencional: disfarcem a voz e telefonem para seus escritórios, falem com uma pessoa de verdade e indaguem algo de interesse da clientela simples. São ótimos testes de avaliação da eficácia de suas equipes; também da própria competência gerencial. Auto-avaliação e autocrítica também levam à cultura.

17.3.08

“caçador de cometas”




"Nos braços das galáxias espirais estão os berçários de novas estrelas, as quais se formam com gases, poeira e restos de estrelas de gerações anteriores, principalmente das supernovas que, ao explodir, espalham átomos pesados forjados em seus núcleos e que são necessários para geração e manutenção da vida. Somos todos formados do barro oriundo de estrelas explodidas..." in Obras- primas da Santa Natureza II...


14.3.08

Obras-primas da Santa Natureza (II): Ainda simetrias (a Harmonia das Estrelas)

por G.G. da Silva

Para a ciência, a simetria só tem valor quando corresponde à realidade. Uma das mais antigas simetrias que se conhece foi atribuída ao mundo por Pitágoras, há cerca de 25 séculos, segundo a qual o Sol, a Lua, cada um dos planetas e o conjunto das estrelas estavam fixos em esferas translúcidas, todas girando de forma independente em torno da Terra. O conjunto de esferas formaria o Céu, onde tudo seria perfeito, com movimentos em trajetórias circulares ou em combinações de círculos; na Terra estariam as imperfeições e os fatos imprevisíveis, como tempestades, trovoadas, estiagens. Essa concepção cosmológica, muito celebrada na antiguidade juntamente com a harmonia dos números e dos sons musicais, foi superada graças aos trabalhos de cientistas como o polonês Nicolau Copérnico, o alemão Johannes Kepler e o inglês Isaac Newton, ao longo dos séculos XVI e XVII. Pela causa, no entanto, houve quem morresse queimado na fogueira, como Giordano Bruno; ou quase, como Galileu Galilei...Um fato que ajudou a desbancar a crença nas esferas foi, justamente, a observação de uma quebra na simetria suposta e desejada. O astrônomo dinamarquês Tycho Brahe, que fora professor de Kepler, não acreditava nessa distinção entre o Céu e a Terra por causa do comportamento irregular dos cometas, os quais, apesar de pertencerem ao Céu, obviamente não possuíam movimentos circulares e, portanto, não eram perfeitos. Se algo no Céu não era perfeito então toda suposta perfeição seria suspeita. Qualquer cometa passou a ser observado, então, com muita curiosidade, pois poderia ser a resposta para uma relevante questão. Charles Messier (1730-1817), um astrônomo francês, era um “caçador de cometas”, principalmente pela beleza desses objetos, mas também, provavelmente, influenciado pelas questões levantadas por Tycho Brahe no século XVI. Messier começou a catalogar tudo que “não era cometa”, para poder se preocupar apenas com esses objetos. Até o final de sua vida, Messier relacionou mais de uma centena de “coisas”, chamando-as de M1, M2, M3 etc. designações ainda hoje utilizadas em sua homenagem. M31, por exemplo, é Andrômeda, galáxia muito maior do que a nossa; na verdade, Andrômeda comanda gravitacionalmente a Via Láctea e algumas outras galáxias menores agrupadas neste recanto do Universo. M74 é outra fantástica galáxia espiral, como se vê na foto, semelhante à nossa Via Láctea. M74 possui aproximadamente cem bilhões de estrelas e roda como um incrível carrossel, com sua harmoniosa simetria, não só espacial, mas também no tempo, pois recentes estudos levam a crer que os braços espiralados das galáxias espirais são decorrentes de sincronização – considerada uma simetria na dimensão tempo – dos efeitos gravitacionais laterais, entre as estrelas, planetas, objetos diversos, poeira e gases que ali se movimentam. Nos braços das galáxias espirais estão os berçários de novas estrelas, as quais se formam com gases, poeira e restos de estrelas de gerações anteriores, principalmente das supernovas que, ao explodir, espalham átomos pesados forjados em seus núcleos e que são necessários para geração e manutenção da vida. Somos todos formados do barro oriundo de estrelas explodidas...

13.3.08

Humor: A Ciência Ri do cartunista Sidney Harris


Coletânea de trabalhos do cartunista Sidney Harris brinca com personagens e conceitos científicos: O cartunista norte-americano é conhecido por seus desenhos que abordam os dilemas e paradigmas da ciência de forma contraída e irreverente. Recém-lançado no Brasil pela Editora Unesp, o livro A ciência ri – o melhor de Sidney Harris apresenta mais de duzentos de seus cartuns traduzidos para o português. Esta é a primeira vez que Harris tem sua obra reunida em livro no país. Com 256 páginas, a coletânea reúne alguns dos desenhos em preto e branco publicados ao longo de sua vasta carreira e que fizeram dele o primeiro cartunista de ciência norte-americano... Resenha