21.3.08

Obras-primas da Santa Natureza (I): Simetrias

por G.G. da Silva


Foto: http://www.olhares.com/nu_2/foto389176.html


Algumas pessoas dão muito valor à simetria quando apreciam a harmonia e a beleza nas artes; por exemplo, na coreografia, na poesia, na pintura, na fotografia. Citam como referências o nado sincronizado, a métrica e a rima, o conjunto formado pela paisagem e seu reflexo nas águas de um lago, o nu. O corpo humano tem um aspecto muito interessante: as metades esquerda e direita são simétricas, mas não as partes de cima e de baixo nem a frontal e a posterior. Como apreciaríamos a fotografia de um modelo com simetria tridimensional? Felizmente a simetria de Gisele Bündchen é unidimensional... Mas se nas artes a simetria é opcional, na ciência é transcendental.Quando um cientista consegue formular uma teoria com uma equação que apresente harmonia, simplicidade e simetria ele acha que achou a verdade que procurava. Aconteceu com James Clerk Maxwell quando formulou a Teoria do Eletromagnetismo, em 1864; resolveu uma questão de simetria com um “chute” genial a Ronaldinho Gaúcho e fez um golaço de placa. Albert Einstein, por sua vez, tentou algo semelhante em sua Teoria da Relatividade Geral, em 1916, e teve de admitir que cometera seu maior erro na vida, ainda que atualmente seu “chute” – a Constante Cosmológica – , esteja sendo reincorporada à suas equações para explicar determinadas observações que só se tornaram possíveis com a tecnologia atual. No entanto, sua equação da equivalência, ou simetria, entre energia e matéria – E = mc2 –, é um sucesso incontestável e foi estabelecida sem “chute” nenhum. Além do eletromagnetismo e da gravidade, domados por Maxwell e Einstein, há duas outras interações que a Santa Natureza utiliza em suas atividades, as forças nucleares fraca e forte, existentes no âmago da matéria e ainda não domadas completamente por ninguém. Einstein passou os últimos anos de sua vida tentando unificar as duas primeiras; não conseguiu porque desconsiderou as duas últimas, aparentemente necessárias para o processo. As forças eletromagnética e nuclear fraca já se encontram unificadas. Juntá-las à força nuclear forte tem resistido a todos os esforços. Reunir tudo numa harmonia total é um sonho que passa por uma tal de super-simetria e envolve um espaço não com nossas três corriqueiras dimensões – quatro, com o tempo, vá lá – mas dez; isso mesmo, dez dimensões, nove espaciais e uma tempora. Esse é o preço que a Santa Natureza tem cobrado daqueles que são obcecados por uma simetria total e absoluta. Tentem imaginar nossa Gisele, nossa menina nota dez, com todas essas dimensões ou a curva assimétrica de um chute do Ronaldinho num espaço tão complicado assim.
A propósito, dez dimensões, nota dez e camisa dez são meras coincidências.



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